O Ceuta, sem abdicar da sua missão e identidade, vê o seu conceito reforçado, transformando-se numa aposta mais ampla e abrangente. Mandado construir por Ferreira dos Santos em 1953, o Ceuta, situado na rua com o mesmo nome, é da autoria do arquitecto Carlos Neves, que optou por um tratamento de sombras, de “tendência moderna”, com um sistema de quebra luzes. A decoração, totalmente alusiva à conquista de Ceuta é uma das particularidades. Destacavam-se os mármores, espelhos de cristal e pinturas a fresco de Coelho de Figueiredo, retratando figuras mitológicas e as 4 estações, mas que infelizmente não sobreviveram ao passar dos anos. Instalado num espaço de dois andares, tem café e restaurante no primeiro piso e sala de bilhares na cave.
Foi apresentada, a 18 de Julho de 1953, uma alteração com vista à adaptação do estabelecimento a “venda ao público de café em chávena, bebidas licorosas, cerveja e lanches".
O Ceuta é um dos raros cafés dos anos 50 que se encontra ainda hoje em funcionamento e um dos mais emblemáticos do Porto. Foi durante muitos anos local de encontro de amigos, ministros, deputados, personalidades como Sottomayor Cardia, Montalvão Machado, Eurico de Melo e alguns dos membros da família Sá Carneiro.
Outra das curiosidades do espaço foi o de acolher durante anos uma animada tertúlia literária criada pelo Fernando Fernandes (ex-Livraria Aviz), o grande animador da Livraria Leitura que sucedeu à Divulgação situada na mesma rua. Os homens da tertúlia do Ceuta sentavam-se invariavelmente ao fundo da sala, perto do balcão da copa. Começavam a chegar à hora do lanche e iam ficando pela noite fora, às vezes até à hora do encerramento e, não raras vezes, vigiados de perto pela polícia política, a PIDE. Além de Fernando Fernandes e dos seus companheiros de aventura na Divulgação - Carlos Porto e Vítor Alegria, eram assíduos às reuniões, Luís Veiga Leitão, António Emílio Teixeira Lopes, Orlando Neves que com Maria Virgínia de Aguiar, então sua mulher, fundou e dirigiu a revista “A Cidade - do Porto e pelo Norte”; o jornalista Pedro Alvim; os actores Dalila Rocha e João Guedes, além do mestre António Pedro; e ainda Manuel Baganha, Luís Ferreira Alves, Jorge Baía da Rocha, Carlos Ispaim e muitos, muitos outros. Dos habituais frequentadores destas tertúlias do Ceuta alguns eram exímios jogadores de bilhar e muitas vezes deliciavam os numerosos assistentes com renhidas partidas de “snooker” na cave.