Corporação Musical "Liberdade" - Memória
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Projeto de Preservação do Acervo da Corporação Musical "Liberdade", banda criada em 1896, na cidade de São Roque - São Paulo - Brasil
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ESSA HISTÓRIA É SUA! PARTICIPE! Todos os dias estamos trabalhando no Projeto de Preservação e Difusão do Acervo da Corporação Musical "Liberdade" - Memória. Epaminondas de Oliveira, o maestro, está nos contando muitas historias sobre a cultura e a vida na São Roque de outrora. Agende sua visita. Rua Enrico Dell'Acqua, 102. Foto: Sílvia Mello
Hoje, das 10 às 13 horas estaremos na sede da Corporação Musical "Liberdade" - Memória. Conheça os projetos de Preservação e Difusão do Acervo do Centro de Memória. Apareça!
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PRA VER A BANDA PASSAR... - Sílvia Mello Primeiros dias de verdadeira imersão no acervo centenário da Corporação Musical Liberdade, a primeira a nascer em São Roque, em 1896, uma aventura emocionante, apesar dos riscos que a umidade do prédio da rua Enrico Dell’Acqua, sua sede desde 1914, ainda oferece aos objetos que contam a história cotidiana e dão testemunho daquilo que a cidade não sabia quando via a Banda passar. Uma história que vamos contar no sitio na internet do Centro de Memória da CML, através do Projeto de Difusão, contemplado no Edital 1/2015, do Fundo Municipal de Cultura. Enquanto nas Alvoradas de Agosto, o som da Liberdade seguia-se ao tocar dos sinos, acordando as manhãs de festa, alguém se preocupava em rabiscar garranchos a lápis (sem se dar conta da ortografia, afinal alguns diziam “Árvaro”, entre o soprar do pistom e o tocar dos pratos), talvez para que muitos anos depois, alguém pudesse identificar Joaquim de Oliveira ou Casemiro de Castro, entre outros fundadores da Banda, numa photografia de 1901, quando as artísticas imagens capturadas pela câmera de Eugênio Verzini ainda não se viam pela cidade. Em meio a partituras impressas com títulos em idiomas diversos (que não impediam a leitura, já que a linguagem musical é universal), provenientes da França, Alemanha, Itália, Argentina, encontramos também manuscritos em papel pautado e timbrado das grandes casas de música da cidade de São Paulo e do Rio de Janeiro, no começo do século 20, cujas notas musicais foram grafadas em bico de pena pelas mãos dos mais famosos copistas. Partituras do 2º. tempo da ópera Fausto, de Gounod; da valsa Mariana, de Strauss, para piano; da peça Le Chemin du Coeur, de Paul Lincke ou da abertura da Preciosa, de Weber, para orquestra, poderiam ser encontradas na Casa Manon, na Di Franco, na Benedictis & Travaglia, na Pedro Tommasi, entre a Rua São Bento e a Barão de Piratininga, na velha São Paulo da Garoa; e talvez na Casa Mozart ou na Arthur Napoleão, na cidade do Rio, onde o Cristo Redentor ainda não abria seus braços para o céu. Assim, hoje nos denunciam a cor ainda vívida da marca dos carimbos nas já amareladas folhas de papel pautado, que passaram por mãos de maestros. Talvez alguém chegasse com as partituras numa tarde qualquer de dezembro de 1913, tudo para que os músicos da Liberdade pudessem levar o som de seus instrumentos às aberturas das peças teatrais do Smart Cinema, no Pavilhão Popular, bem antes que em nosso imaginário viessem a se imortalizar o sabor da “Groselha da Íris” ou os heróis dos filmes projetados nas telas do Cine dos sonhos de Vasco Barioni, inaugurado num dia de São José, anunciando antecipadamente, em São Roque, a chegada dos Anos Dourados. No editor de imagens desse nosso mundo virtual da segunda década do terceiro milênio, as marcas de cupim vão desaparecendo do terno alinhado, no retrato onde figura Epaminondas de Oliveira, imortalizado por seu talento musical e a vitória da Corporação Musical Liberdade no concurso de bandas, no Jardim da Luz, em São Paulo, em 1909, sob sua batuta. No belo rosto do jovem maestro, os olhos parecem querer dizer mais de sua história do que a fina caligrafia em bico de pena, num bilhete de agradecimento à homenagem da Banda pela passagem de seu aniversário. Em algum lugar da São Roque do passado, mocinhas casadoiras certamente suspiraram por ele, atrás de seus lencinhos de festa, como mostra a etiqueta de flores na moldura desse retrato: “Homenagem à laureada Corporação Musical Liberdade, das Senhorinhas de São Roque”. E como nesses momentos ímpares de intimidade com a História, as sincronicidades magicamente acontecem, criando pontes entre fatos, de dentro de dois papéis brancos surge o cartaz da peça O Conde de Monte Cristo, com abertura da Corporação Musical Liberdade, feito na Tiphografia O Sãoroquense. Ao abrir uma pasta de documentos de contabilidade, ali estão as fotos da medalha de ouro ganha no concurso de 1909, mostrando que é chegado o momento de retornar para o acervo da CML. Se redescobrir esses trailers sublimes da história da Banda Liberdade nos faz idealizar o passado de forma romântica, não é menos emocionante compreender através de documentos e registros do cotidiano, as dificuldades, sonhos e trabalho que diversas gerações que se sucederam ao longo de cem anos, experimentaram para manter viva a música nas ruas, coretos, praças e palcos. Emocionante ver o pequeno Clementino de Oliveira na foto de 1901, ao lado do pai, um dos primeiros professores do Grupo Escolar Bernardino de Campos, Joaquim de Oliveira (a rua em que morei desde que nasci leva o nome dele e, quando menina, sempre me perguntava quem seria esse professor), e vinte anos depois, o jovem Clementino como integrante da Banda em seu concerto no Ypiranga, em São Paulo, na comemoração do Centenário da Independência do Brasil, em 1922. É só observar datas e nomes, para saber que os músicos adoravam um Vermouth comprado no Bar Guarany, lá pelos idos de 1930, para esquentar as frias noites dos invernos tradicionais de São Roque, após tocar na abertura dos espetáculos de circo. Ou as festas regadas a cerveja em que músicos e convidados comemoravam o aniversário da Banda, com baile, no início dos Novembros da primeira metade do século 20, na São Roque dos típicos casarões coloniais ou dos imponentes sobrados do final do século 19. Nos livros-caixa, redescobrimos a efervescência do comércio de meados do século passado, em estabelecimentos como Casa Verani, Irmãos Boccato, Tagliassachi, Hotel São Roque e tantos outros que nos transportam para um tempo que sobrevive nas fotografias em preto e branco, com seus saraus, retretas nas praças, e uma apaixonante paisagem urbana, sem enormes placas, sem tantos fios elétricos ou de telefone, sem asfalto, talvez sem a saudade de um tempo no qual sequer se viveu. O Projeto de Difusão do Centro de Memória da Corporação Musical Liberdade que conta também com a participação de um historiador e um designer gráfico, promete mais revelações e seu produto final baseia-se em pressupostos da museologia, com a missão de transformar o seu site num lugar de memória, de pesquisa e de cidadania. Sem deixar de alimentar o sonho de ver novamente uma Banda composta por músicos são-roquenses espalhar o encanto de suas notas musicais por nossas ruas, como prece que sobe aos céus, para que jamais se esqueça do espírito daqueles que nos legaram tão bela História, por caminhos da Arte e da Cultura.
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CORPORAÇÃO MUSICAL LIBERDADE INICIA PROJETO DE DIFUSÃO DO ACERVO Teve início no mês de Março, o Projeto de Difusão do Acervo do Centro de Memória da Corporação Musical Liberdade, contemplado no Edital 1/2015 do Fundo Municipal de Cultura de São Roque. O projeto tem três vertentes: a catalogação do acervo de partituras, dando continuidade à catalogação de itens classificados como históricos, entre documentos, fotografias, instrumentos musicais, partituras de autoria de são-roquenses e mobiliário, realizada no Projeto de Preservação, no ano passado; a digitalização e fotografia de itens históricos do acervo, seguindo a política de gestão do acervo, que prioriza a conservação das coleções físicas, optando por digitalizar os itens das coleções que determinam a linha principal de sua história, para difusão; a implementação do site do Centro de Memória da CML, como principal canal da difusão de seu acervo histórico, visando estabelecer diálogos com outros acervos, pesquisadores da área de música, e contato com ex músicos da banda Liberdade no intuito de registrar a história oral dessa Corporação e obter novos itens para o acervo. A criação do site do Centro de Memória da CML tem também outros objetivos como dar visibilidade e obter novos itens, por doação, para o acervo; encontrar parcerias para manter a conservação física do mesmo e sua difusão; e disponibilizar o acervo para pesquisa. HISTÓRIA A Corporação Musical Liberdade, primeira das três históricas bandas criadas em São Roque, nasceu em 1896, por iniciativa do professor Joaquim de Oliveira e Casemiro de Abreu. Laureada em 1909 como vencedora do Concurso de Bandas do Estado de São Paulo, recebeu uma medalha de ouro, projetando a cidade de São Roque e seus músicos, no cenário estadual da arte e da música, no início do século 20. Sua sede própria, na rua Enrico Dell’Acqua, por cem anos, abrigou músicos da Banda Liberdade em suas inúmeras formações, destacando-se o nome de maestros como o professor Epaminondas de Oliveira. Seu acervo, mantido intacto por um século, nas mãos das sucessivas diretorias que o tiveram sob sua guarda, descortina-se hoje como um centro de memória da arte musical e da Cultura são-roquenses, no século vinte, dialogando com a Histórica local nos seus costumes, acontecimentos cívicos e sociais, e eventos culturais, além de dar testemunho da ascensão das artes na cidade, principalmente na primeira metade do século passado. Em Agosto de 2014, a diretoria da CML, tendo como presidente Maria Celina Machado Alé, iniciou o Projeto de Preservação de seu acervo, com higienização e mudanças no acondicionamento, obtendo patrocínio local, projeto que teve continuidade ao ser contemplado no Edital 1/2014 do FMC SR, que permitiu a irradiação do acervo, no Ipen- USP, para combate à ação de cupins e fungos, além da fase inicial da catalogação e melhoria no acondicionamento das coleções. Os Projetos de Conservação e Difusão do Acervo do Centro de Memória da CML tem gestão da jornalista e pesquisadora da história de São Roque, Sílvia Mello, especialista em Gestão de Projetos Culturais pela ECA USP, cursando agora pós-graduação em Museografia e Patrimônio Cultural. A consultoria na área de História é do historiador Absolon Soares da Silva, com amplos conhecimentos na área da Música. (Texto Sílvia Mello)